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Como a Vulcabras alcançou a meta de reciclar 100% dos resíduos em fábrica na Bahia

A companhia recicla 85 toneladas de resíduos por mês e transformou aterro sanitário em área de preservação ambiental

Desde que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) entrou em vigor, em 2010, o Brasil não avançou na redução da geração de lixo. Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos 2020, feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apontam que o país registrou um aumento de 18% na geração de resíduos sólidos urbanos, passando de 67 milhões para 79 milhões de toneladas por ano entre 2010 e 2019. Em 2020, foram 79,6 milhões de toneladas.

O desafio de reduzir o consumo e promover o descarte adequado do lixo envolve não só a atitude da população, mas também exige um política de gerenciamento estruturada de empresas e governos. No Brasil, o tipo de material mais descartado é o orgânico, que contempla sobras e perdas de alimentos, resíduos verdes e madeiras (45,3%), seguido pelo plástico (16,8%) e metais (14,1%).

Já os resíduos têxteis, que incluem retalhos de peças de roupas e calçados, entre outros, correspondem a 5,6%. Lidar com esse material é um desafio para a Vulcabras, empresa calçadista focada na produção de artigos esportivos. Dona das marcas Olympikus e Under Armour, a companhia adquiriu a Mizuno Brasil em setembro do ano passado, em acordo com a Alpargatas no valor de R$ 40 milhões. A empresa, fundada em 1952 e uma das mais tradicionais na indústria brasileira de calçados, possui duas fábricas no Nordeste do Brasil, uma em Horizonte (CE) e outra em Itapetinga (BA), além de filiais no Peru e na Colômbia.

Há alguns anos, a Vulcabras começou um movimento para tornar suas operações mais sustentáveis, com iniciativas de redução do consumo de materiais, reúso e economia de água, reciclagem e responsabilidade social.

Reaproveitamento de 100% dos resíduos

O projeto mais recente da companhia envolve a fábrica de Itapetinga, município do interior da Bahia, localizado a 562 km da capital do estado. Próximo à unidade, onde existia um local para a destinação de resíduos descartados pela empresa, a Vulcabras criou uma área de preservação ambiental de 30 mil metros quadrados e plantou duas mil mudas de espécies de árvore como o Ipê. A empresa também contratou e capacitou 44 moradores da região em situação de vulnerabilidade socioeconômica para auxiliar na construção do espaço. A área, cedida pelo município, é gerida pela Vulcabras, que faz manutenção e preservação do local.

Para a criação da área de preservação ambiental, a companhia precisou dar um destino mais sustentável para o volume de aproximadamente 85 toneladas de resíduos produzidos por mês na companhia. "Hoje, 100% dos resíduos produzidos pela Vulcabras na unidade de Itapetinga abastecem a economia circular, são reciclados ou reutilizados pela empresa", diz Luiz Otávio Goi Junior, gerente de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde e responsável pelas iniciativas de sustentabilidade na companhia. Na fábrica da companhia no Ceará, que também possui iniciativas como essas, 80% dos resíduos são reciclados. A meta é aumentar esse percentual, afirma Luiz Otávio.

O EVA (Ethil Vinil Acetat), material usado na produção de calçados, descartado torna-se matéria-prima para a produção de outros produtos, como tapetes e tatames. No caso dos tecidos, boa parte do material descartado abastece a indústria de novelaria para a produção de sofás e outros produtos. Uma parte é reutilizada pelas unidades da Vulcabras pelas áreas de limpeza. Outra é processada e usada pela indústria cimenteira.

Segundo Luiz Otávio, o trabalho começou de dentro para fora da companhia, com o envolvimento dos 4.149 funcionários da unidade na Bahia. "Boa parte desses profissionais ainda está na primeiro emprego. Por isso, eles precisam receber esse conhecimento sobre as políticas da Vulcabras e a importância de boas práticas em sustentabilidade."

Em 2016, a empresa criou uma ferramenta digital chamada "Escola da Qualidade" para a formação de "embaixadores ambientais" para as duas fábricas da companhia. "Os funcionários participantes foram capacitados pela área de engenharia ambiental da Vulcabras e conscientizados para ajudar em projetos sustentáveis e também de cidadania, levando esse conhecimento para as comunidades do entorno", afirma o executivo. "Assim, é possível criar uma cultura de sustentabilidade na empresa que envolva todos os funcionários, além de oferecer uma alternativa de qualificação profissional."

Rumo à energia limpa

Outra ação recente da empresa é o contrato assinado com a Casa dos Ventos, companhia que atua no desenvolvimento de parques eólicos no Brasil. A Vulcabras fechou um acordo de R$ 150 milhões em compra de energia eólica para abastecer todas as suas unidades produtivas durante 13 anos, a partir do ano que vem. Com a iniciativa, espera-se a geração de 7 megawatts (MW) de energia, em média, por mês, o suficiente para abastecer 27 mil residências durante um mês. Segundo Luiz Otávio Goi, a iniciativa prevê uma economia de 50% a 60% no valor dos gastos da Vulcabras com energia elétrica.

Além da economia em energia, o novo investimento proporcionará a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, uma vez que o uso de energia eólica pela Vulcabras nos próximo anos evitará a emissão de 27 mil toneladas de CO2 por ano.

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